Artigo: Doutrina Soleimani – Precursora da nova-nova ordem mundial

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Por: Luís Bassoli*

O Major-General Qasem Soleimani era o Comandante-em-Chefe da Guarda Revolucionária Iraniana, a elite das forças armadas do país – e a segunda pessoa mais poderosa do Irã, depois do aiatolá Khamenei.

Foi assassinado em 2020, aos 62 anos, num ataque aéreo dos EUA, ordenado pelo então presidente Donald Trump, no aeroporto de Bagdá, quando estava em missão diplomática para tratar do combate ao Estado Islâmico.

General Qasem Soleimani, da Guarda Revolucionária do Irã

Novo conceito de guerra assimétrica

O conceito de guerra assimétrica se resumia a conflitos entre um exército formal de um país, e um oponente informal, grupo armado menos equipado, que usa métodos de guerrilha.

O exemplo clássico é o conflito entre o exército de Israel e o grupo palestino Hamas.

Soleimani incentivou a adaptação dos grupos para além dos confrontos corpo-a-corpo: dotá-los de armamentos sofisticados, como mísseis e foguetes, com a finalidade de dissuadir, desestimular, os exércitos regulares a iniciar um ataque.

O grupo libanês Hezbollah foi o primeiro a adotar, com certa eficiência, a nova estratégia.

Criado na Guerra Civil do Líbano, nos anos 1980, a intenção era combater tropas israelenses que ocupavam o país; com o passar dos anos, se estruturou, com apoio do Irã, e se tornou uma força militar considerável.

O último confronto direto entre Hezbollah e Israel se deu em 2006, e terminou com a retirada total de 10 mil soldados israelitas do território libanês.

Atualmente, estima-se que o Hezbollah possua cerca de 70 mil soldados e um arsenal de 200 mil foguetes/mísseis, de vários tipos, inclusive de alta precisão, e sistemas iranianos, russos e chineses.

Os Houthis

A principal novidade geopolítica é a ação do grupo Houthis, formado nos anos 90, na unificação do Iêmen, país de localização estratégica no Oriente Médio.

Em 2014, no auge da guerra civil, o Iêmen sofre pesados ataques da Arábia Saudita; anos depois, os grupos rivais internos se unem, os Houthis assumem o governo e passam a se estruturar: estreitam vínculos com Irã, firmam acordos com Coreia do Norte, adquirem equipamentos russos e chineses, acumulando um arsenal de milhares de drones, mísseis de cruzeiro (propulsão a jato) e sofisticados mísseis balísticos de longa distância (que voam até à atmosfera e caem nos alvos).

Essa capacidade bélica desestimula o uso de porta-aviões por parte das superpotências como intimidação.

Desde novembro de 2023, os Houthis impõem um “bloqueio” no Mar Vermelho, com lançamentos de mísseis, sem determinar alvos, na estratégia de demostrar poder, o que está a causar danos econômicos sem precedentes a Israel, cujo Porto de Eilat, o único da região, está praticamente inoperante.

Na quinta e sexta-feira passadas (11 e 12/1), forças anglo-americanas bombardearam o Iêmen, aparentemente sem danos expressivos, pois, na segunda-feira (15/1), os Houthis retaliaram e atingiram um navio mercante dos EUA, além de atacar um navio de guerra, que conseguiu se defender.

O dano ao navio de carga foi suficiente para agravar a crise econômica – o Catar suspendeu o transporte naval de gás.

A Nova-Nova Ordem Mundial está só começando.

(Com: Canal Arte da Guerra; UOL; Brasil247; G1 e agências)

* Luís Bassoli é advogado e ex-presidente da Câmara Municipal de Taquaritinga (SP).

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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